UM PENSAMENTO QUE INCOMODE COMO ANDAR NA CHUVA

Autores

  • Cleide Maria de Oliveira CEFET - MG

DOI:

https://doi.org/10.29327/2128853.2.4-11

Palavras-chave:

Alberto Caieiro, Poesia, Misticismo

Resumo

O artigo apresenta uma leitura da poesia de Alberto Caieiro, heterônimo do escritor português Fernando Pessoa, estabelecendo algumas relações entre aquilo que Caieiro chama de um pensar-sentir, sem exterioridade, e alguns elementos da mística. O misticismo de que nos fala Caieiro surge de um dar-se conta de que as coisas não são susceptíveis de interpretação, e que o real, quando despido de nossas conjecturas sobre o mesmo, é incognoscível. A conclusão a que o artigo chega é que seja necessária uma “aprendizagem de desaprender” para se construir novas estratégias de pensamento que nos cure dessa doença antropomórfica que vê no mundo apenas um retrato de si mesmo, e a poesia pode nos oferecer um permanente pôr-se e dispor-se do real que o problematize enquanto referente imóvel para nossa linguagem e produção de saberes.

Biografia do Autor

Cleide Maria de Oliveira, CEFET - MG

Possui graduação em Letras Português e Literaturas em Língua Portuguesa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2001), mestrado em Estudos de Literatura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2005) e doutorado Estudos de Literatura pela mesma instituição (2010). Desenvolveu pesquisa de pós-doutoramento na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro com financiamento do CNPq e pesquisa de pós-doutorado na FAJE-BH financiada pela CAPES, e também estágio pós-doutoral da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa com a pesquisa "Mística e erotismo na lírica de Hilda Hilst". Atualmente faz um pós-doutoramento na Universidade Federal do Rio de Janeiro tendo como foco a poesia de Paulo Henriques Britto. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Brasileira, atuando principalmente nos seguintes temas: Linguagem poética e discursividades místico-eróticas na literatura contemporânea, Georges Bataille, Hilda Hilst, Adélia Prado, Paulo Henriques Britto, Carlos Drummond de Andrade.

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Publicado

2024-12-11

Edição

Seção

Cosmologias do múltiplo e formas de vida anticoloniais