RELAÇÕES DE PODER, VIOLÊNCIAS E FORMAS DE RESISTÊNCIAS NO MARANHÃO OITOCENTISTA

Autores

  • Natália Gomes de Andrade Silva UFMA
  • Leticia Thalia Sousa de Souza UFPI

Palavras-chave:

Maranhão, relações de poder, resistência cultural, Estado; democracia; negros; periféricos; violência; Brasil.

Resumo

Este artigo tem como objetivo perceber as relações de poder e as formas de resistências no Maranhão do século XIX. Propõe trazer nesta pesquisa personagens da história que por muito tempo foram silenciados na pesquisa histórica. No caso maranhense, uma província altamente hierarquizada, onde sua população era majoritariamente composta por sujeitos subalternizados, muitos conflitos acabavam ocorrendo entre estes e as forças públicas/policiais, responsáveis nessa época por manter a segurança e o controle social onde fosse necessário. Dessa forma, mediante a leitura de documentos oficiais como os Relatórios de Presidente de Província, cruzados com as representações dos subalternos feitas na imprensa maranhense oitocentista, nos deparamos com uma realidade dura e cruel imposta a eles. Trazemos como o tratamento violento era naturalizado, logo, os ataques e repressões eram legalizados, uma forma de mantê-los presos ao sistema de escravidão vigente, no caso da população negra, e de manter as populações indígenas submissas e “fora” de áreas privadas, sem trazer danos às propriedades.

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Publicado

2025-07-31