ANALIZANDO A TERATOLOGIA

Autores

  • Nicolau Henrique Batista Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

monstruosidade, transfeminismo, teoria queer

Resumo

Tomando como ponto de partida a comparação feita pela feminista radical trans-excludente Mary Daly entre o monstro de Frankenstein e mulheres transexuais, o objetivo principal do presente trabalho é acompanhar a apropriação positiva da figura do monstro pelo transfeminismo e também, posteriormente, pela teoria queer. Para tanto, foram privilegiadas visões femininas e queer da monstruosidade presentes tanto na filosofia quanto na literatura. Elas contrastam com a visão científica exposta em manuais de teratologia, que também são aqui analisadas com o intuito de estabelecer uma teratologia diferente daquela reconhecida pela história da ciência heterossexual fundamentada na diferença sexual. Tanto essa produção de conhecimento marginal quanto a apropriação da monstruosidade por dissidentes de gênero revelam-se modos de exercer o que Paul Preciado chama de ciência do ânus. Assim, analizar a teratologia tem tanto o sentido de analisar quanto o de torna-la anal, isto é, transforma-la em um tipo de ciência do ânus.

Referências

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais DSM III-R. São Paulo: Manole, 1989.

ARISTOTLE. “On the generation of animals”. In: The Works of Aristotle volume 2. Chicago: Encyclopædia Britannica Inc., 1952.

BUTLER, Judith. Lenguaje, poder e identidad. Ediciones Síntesis, Madrid, 1997.

BUTLER, Judith. “Animating autobiography: Barbara Johnson and Mary Shelley’s monster”. In: JOHNSON, Barbara. A life with Mary Shelley. Stanford: Stanford University Press, 2014.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019.

CANGUILHEM, G. O conhecimento da vida. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.

DALY, Mary. Gyn/Ecology: The Metaethics of Radical Feminism. Boston: Beacon, 1978.

DERRIDA, Jacques. “Os fins do homem”. In: Margens da filosofia. São Paulo: Papirus, 1991.

DIDEROT, Denis. Le Rêve de d’Alambert. Paris: Editions sociales, 1962.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade 1: A vontade de saber. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2022.

FRITSCHE, Johannes. “The Riddle of the Sphinx: Aristotle, Penelope, and Empedocles”. In: WOLFE, Charles T. (ed.). Monsters and philosophy. London: College Publications, 2005.

HARAWAY, Donna. “A Cyborg Manifesto: Science, Technology and Socialist-feminism in the Late Twentieth Century. In: STRYKER, Susan; WHITTLE, Stephen (ed.). The transgender studies reader. New York: Routledge, 2006.

JOHNSON, Barbara. A life with Mary Shelley. Stanford: Stanford University Press, 2014.

KRAFFT-EBING. Richard von. “selections from Psychopathia Sexualis with Special Reference to Contrary Sexual Instinct: A Medico-Legal Study”. In: STRYKER, Susan; WHITTLE, Stephen (ed.). The transgender studies reader. New York: Routledge, 2006.

PARÉ, Ambroise. On monsters and marvels. Chicago: The University of Chicago Press, 1982.

PRECIADO, B. “Terror anal”. In: HOCQUENGHEM, Guy. El deseo homosexual. Santa Cruz de Tenerife: Editorial Melusina, 2009.

PRECIADO, Paul B. Manifesto contrassexual. São Paulo: n-1 edições, 2017. PRECIADO, Paul B. Um apartamento em Urano: crônicas da travessia. Rio de Janeiro: Zahar, 2020. PRECIADO, Paul B. Eu sou o monstro que vos fala: Relatório para uma academia de psicanalistas. Rio de Janeiro: Zahar, 2022a.

PRECIADO, Paul B. Dysphoria Mundi. Barcelona: Editorial Anagrama, 2022b.

RAYMOND, Janice G. The Transsexual Empire: The Making of the She-Male. Boston: Beacon, 1979.

SHELLEY, Mary. Frankenstein ou O Prometeu moderno. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2015.

STONE, Sandy. “The Empire Strikes Back: a Posttranssexual Manifesto”. In: STRYKER, Susan; WHITTLE, Stephen (ed.). The transgender studies reader. New York: Routledge, 2006.

STRYKER, Susan; WHITTLE, Stephen (ed.). The transgender studies reader. New York: Routledge, 2006.

STRYKER, Susan. “Minhas palavras para Victor Frankenstein acima da aldeia de Chamonix: Performar a fúria transgênera”. Revista Eco-Pós – Dossiê Feminismos vitais, Rio de Janeiro, v. 24, n. 1, set. 2021.

TORT, Patrick. L'ordre et les monstres: le débat sur l'origine des déviations anatomiques au XVIIIe siècle. Paris: Syllepse. 1997.

WITTIG, Monique. O pensamento heterossexual. Belo Horizonte: Autêntica, 2022.

WOLFE, Charles T. (ed.). Monsters and philosophy. London: College Publications, 2005.

Downloads

Publicado

2025-07-31