ANALIZANDO A TERATOLOGIA
Palavras-chave:
monstruosidade, transfeminismo, teoria queerResumo
Tomando como ponto de partida a comparação feita pela feminista radical trans-excludente Mary Daly entre o monstro de Frankenstein e mulheres transexuais, o objetivo principal do presente trabalho é acompanhar a apropriação positiva da figura do monstro pelo transfeminismo e também, posteriormente, pela teoria queer. Para tanto, foram privilegiadas visões femininas e queer da monstruosidade presentes tanto na filosofia quanto na literatura. Elas contrastam com a visão científica exposta em manuais de teratologia, que também são aqui analisadas com o intuito de estabelecer uma teratologia diferente daquela reconhecida pela história da ciência heterossexual fundamentada na diferença sexual. Tanto essa produção de conhecimento marginal quanto a apropriação da monstruosidade por dissidentes de gênero revelam-se modos de exercer o que Paul Preciado chama de ciência do ânus. Assim, analizar a teratologia tem tanto o sentido de analisar quanto o de torna-la anal, isto é, transforma-la em um tipo de ciência do ânus.
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