A TOUPEIRA E A SERPENTE:
VERDADE, SUBJETIVIDADE E RESISTÊNCIA
DOI:
https://doi.org/10.29327/2128853.1.1-8Palavras-chave:
controle, transparência, resistênciaResumo
Neste artigo buscamos analisar alguns fenômenos recentes ligados ao campo da filosofia política e que se manifestam entre outras coisas a partir do visível enfraquecimento dos vínculos sociais e políticos nas sociedades contemporâneas. Desde a empresa capitalista, passando pelo trabalho e chegando até ao sujeito moderno, nada escapa a este processo que a tudo e todos perpassa e atomiza. O que está em jogo é um tipo de controle muito sutil, tal qual uma serpente. Insidioso, ele se espraia por todos os cantos e a tudo e todos alcança. Difícil de ser percebido, ele se insere na vida cotidiana e se mostra na maioria das vezes como se fosse parte de nossas necessidades diárias. Essa nova vigilância, diferentemente da disciplina, parece ter uma nova essência, uma nova origem; ela se especializou em subtrair nossas forças e nossos dados através de processos distintos com vista à produção de valor, a previsibilidade das condutas e o controle das ações. Seus métodos de extração e controle incluem a transparência, o cansaço e o recurso aos modelos. E, é na análise destes novos recursos do sistema e na proposta de contramedidas viáveis que este trabalho se debruça.
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